A empresa de distribuição de gás de Minas Gerais, a Gasmig, começa o ano com a perspectiva de um aumento das vendas para mineradoras e siderúrgicas. Os preços internacionais do minério de ferro melhoraram e a diretoria da companhia aposta que isso tende a reaquecer a demanda por combustível por parte desses dois setores que são os mais importantes clientes da empresa mineira.
Mas o ano também começa em um ambiente de dúvidas em relação ao futuro da Gasmig. Controlada por outra estatal mineira, a Cemig, a Gasmig foi incluída em 2016 na lista de possíveis ativos a serem privatizados.
Não houve nenhuma negociação até agora e como a direção da Cemig foi mudada em dezembro, não está claro ainda se o novo presidente, Bernardo Salomão, manterá o plano de se desfazer da distribuidora de gás.
A estatal mineira deve ter uma pequena queda no lucro líquido em 2016 em relação aos R$ 117 milhões de 2015
“Não veio nenhuma nova diretriz para a companhia. Estamos aguardando uma nova orientação assim que o presidente se inteirar de todos os assuntos para ver o que fazer em relação à Gasmig”, disse ao Valor o presidente da estatal de gás, Eduardo Andrade. Ele aposta no potencial de crescimento do negócio de gás em Minas e define a Gasmig como “um ativo interessante”.
Andrade está no comando da empresa desde o início de 2015. Em 2015 e em 2016, com o país em recessão aguda, clientes da empresa reduziram suas compras de gás. Alguns passaram a comprar um terço ou um quarto do que compravam há dois ou três anos.
A própria Gasmig consumiu menos gás da Petrobras do que prevê o contrato. Tanto em 2015 quanto em 2016, as retiradas da Gasmig ficaram abaixo do limite do chamado “take or pay”. A Gasmig tenta renegociar o contrato com a Petrobras para reduzir os volumes mínimos de aquisição.
Por conta da queda nas vendas para mineradoras e siderúrgicas, disse Andrade, a Gasmig deve ter uma pequena queda no lucro líquido em 2016 em relação aos R$ 117 milhões de 2015. A expectativa, segundo o executivo, é que o Ebitda em 2016 se mantenha mais ou menos no patamar de 2015, em R$ 213 milhões. “Estamos até excedendo os compromissos firmados com a Cemig”, disse.
Depois dos dois anos com a economia andando para trás, a estatal de gás começa a registrar sinais de mudança, segundo o executivo. “Nós temos uma expectativa positiva de ampliação da demanda de gás em 2017 pelo setor de mineração e siderurgia muito em função de uma possível retomada sustentada do mercado internacional e dos preços do minério de ferro que estão melhorando”, disse.
“E em relação a outros setores industriais também temos uma expectativa de que haja uma recuperação, mesmo que não seja ainda tão representativa, mas que leve a uma retirada maior de gás do a que houve em 2016.”
Em novembro, a Gasmig assinou contrato para atender, a partir de 2018, a italiana Verallia, que está instalando uma fábrica de embalagens de vidro em Jacutinga (MG). Outros dois contratos estão em fase final de negociação com fábricas que também estão investindo no Estado. Juntos, os três clientes poderão adquirir quase 100 mil metros cúbicos diários.
“Para 2017, nossa expectativa é de um crescimento muito significativo no volume de investimentos, muito em função de contratações futuras, principalmente para 2018 desses três contratos, de e expansão mercado comercial e residencial”, disse o presidente da Gasmig. Em 2015, os investimentos foram de R$ 59 milhões. Como reflexo da crise, em 2016 esse valor caiu para R$ 52 milhões.
Em 2016, a empresa comercializou, em média, 2,4 milhões de metros cúbicos de gás por dia para o mercado chamado de não-térmico, ou seja, para os setores de mineração, siderurgia, industrial, comercial e residencial. Esse mercado representa 83% das vendas. Desse percentual, a maior parte vai para mineradoras e siderúrgicas. O mercado térmico, das termelétricas, soma outros 17% das vendas.
A empresa já não tem mais em seu radar o projeto de construção de um gasoduto que abasteceria uma fábrica de fertilizantes que a Petrobras começou e abandonou em Uberaba (MG). A ideia de uma fusão com a espanhola Gas Natural Fenosa também foi abandonada.
Em dois anos, a Gasmig saiu de um número acanhado de apenas 1.600 clientes comerciais e residenciais para quase 16 mil atualmente. É um número ainda irrisório comparado com o de duas seculares empresas do país. A Comgás, de São Paulo, atende a mais de 1,5 milhão de clientes e a CEG, do Rio de Janeiro, a mais de 1 milhão. A Gasmig começou apenas em 2011 sua política de expansão da rede de gás para residências e comércios e sua rede para esse mercado ainda é restrito a Belo Horizonte, Nova Lima e Poços de Caldas. A direção fala em atrair mais 20 mil clientes até o fim do ano e chegar ao fim de 2018 com 60 mil a 70 mil. A meta anterior era de 80 mil. “Queremos manter o percentual de rentabilidade mesmo com um volume menor”.
Fonte: Gasnet – Site do Gás Natural